Os dez países com a menor transparência bancária (e o Panamá não é um deles)

Foto: Getty
Londres é o maior centro financeiro da Europa

O grande vazamento de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca revelou como paraísos fiscais são usados para esconder riquezas e fez as atenções do mundo se voltarem ao Panamá.
As revelações dos Panama Papers levaram o país a criar um painel internacional para ajudar a aumentar a transparência de seu sistema financeiro.
Mas organizações internacionais que investigam sigilo financeiro alertam que o Panamá não está na lista dos países com menos transparência financeira.
Europeus e americanos ricos podem facilmente esconder seu dinheiro muito mais perto de casa, e isso poderia explicar por que até agora tão poucos residentes dos Estados Unidos foram implicados no escândalo do Panamá.

O ranking do segredo financeiro

O cofundador do escritório Mossack Fonseca, Ramón Fonseca, acusa os países mais ricos de hipocrisia.
"Eu asseguro a você que há mais dinheiro sujo em Nova York, Miami e Londres do que aqui no Panamá", ele disse ao jornal The New York Times.
Mas será que ele está certo?
A Tax Justice Network (Rede Justiça nos Impostos), uma organização independente que analisa regulações financeiras e fiscais, criou um ranking classificando os países de acordo com o nível de regulamentação financeira e o volume de suas transações.
O Panamá nem está entre os dez menos transparentes.

Duas medidas?

"Há duas medidas: muitos países desenvolvidos possuem ou apoiam jurisdições onde há ausência de transparência financeira", disse Alex Cobham, da Tax Justice Network.
A Suíça lidera o ranking com sua quase impenetrável tradição de sigilo bancário, mesmo que – sob pressão internacional – tenha feito algumas concessões no sentido de identificar donos de contas ligadas a investigações internacionais de sonegação de impostos. O país também tem cedido documentos que têm auxiliado as investigações da operação Lava Jato no Brasil.
Hong Kong vem logo depois da Suíça no ranking. A ex-colônia britânica, agora uma região administrativa especial da China, gera "grandes preocupações", segundo a Tax Justice.
Foto: AFPImage copyrightAFP
Image captionRamon Fonseca é cofundador da empresa no centro do caso Panama Papers
Os Panama Papers revelaram que cerca de um terço dos negócios da empresa vieram de seus escritórios em Hong Kong e na China – sendo a China o maior mercado e Hong Kong, o escritório mais movimentado da companhia.
Hong Kong permite mecanismos que facilitam o movimento de recursos sem que seja possível saber a quem o dinheiro pertence.

Mantendo o dinheiro americano em casa

Dentro das fronteiras americanas, relativamente perto da Casa Branca, o Estado de Delaware, na costa leste, abriga 945 mil empresas – o que equivale a quase uma por morador.
Delaware é um dos quatro Estados americanos (os demais são Nevada, Arizona e Wyoming) que foram criticados por sua frouxa regulação financeira. Muitas das firmas registradas lá são suspeitas de serem empresas fantasmas.
A ONG anticorrupção Transparência Internacional descreve o Estado como "paraíso do crime transnacional".

Territórios Britânicos Ultramarinos – locais ensolarados para pessoas sombrias?

O presidente americano Barack Obama mencionou em um debate em New Hampshire em 2008 o caso da Ugland House, um prédio nas Ilhas Cayman que ele diz sediar 12 mil empresas.
"Este deve ser ou o maior prédio do mundo ou o maior dos golpes de impostos", disse ele. Atualmente o site do edifício diz que ele abriga 18 mil companhias.
Foto: ThinkstockImage copyrightThinkstock
Image captionAlguns Estados americanos podem ser paraísos fiscais dentro dos Estados Unidos?
Apesar de as Ilhas Caymans terem governo próprio, elas são território ultramarino britânico. Segundo Cobham, se elas fossem somadas à Grã-Bretanha, os britânicos ficariam em primeiro lugar no ranking da Tax Justice Network.
Outro território ultramarino britânico – as Ilhas Virgens Britânicas – apareceram nos Panama Papers. O número de empresas envolvidas no vazamento registradas lá é duas vezes maior que o número de firmas registradas no Panamá.

Fechando as lacunas

Mas o Panamá não é o único país que prometeu tomar medidas para melhorar a transparência financeira.
Os líderes do G8, o grupo das maiores economias do mundo, haviam acordado novas medidas para reprimir a ação de pessoas envolvidas com lavagem de dinheiro e evasão fiscal em um encontro em 2013.
A cúpula divulgou um comunicado pedindo aos países que "lutem contra o flagelo da evasão fiscal".
Jason Hickel, da London School of Economics, estima que os paraísos fiscais escondam coletivamente um sexto das riquezas privadas do mundo.

http://www.bbc.com/portuguese
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