Com o vírus da zika se espalhando de forma descontrolada pela América Latina e Caribe por meio do Aedes aegypti, alguns dos principais pesquisadores de mosquitos dos Estados Unidos estão lutando para montar um mapa avançado do DNA, que dizem que os ajudará a combater a doença usando o próprio código genético do mosquito.
A busca envolve cientistas de diversas disciplinas que raramente colaboram, com frequência competem por fundos e têm ideias diferentes sobre como manipular geneticamente o mosquito, o Aedes aegypti.
Alguns querem caçar genes que, se alterados em mosquitos soltos na natureza, poderiam levar a espécie à extinção. Outros estão tentando identificar genes que controlam a forma como os mosquitos sentem suas presas humanas visando conceber repelentes melhores. Outros são a favor da ideia de criar seletivamente populações de mosquitos, assim como é feito com gado ou milho, em busca de características desejáveis (ou, pelo menos, menos indesejáveis) como uma preferência por picar animais, em vez de seres humanos.
O projeto decolou após uma série de postagens frustradas no Twitter por Leslie B. Vosshall, uma pesquisadora de mosquitos da Universidade Rockefeller. Vosshall fez um apelo por conselho para a construção de um mapa detalhado do DNA do mosquito em janeiro, quando o Brasil começou a relatar uma alta, aparentemente relacionada ao vírus da zika, de recém-nascidos com microcefalia.
"Fiquei preocupada de que as pessoas ficariam na defensiva, paranoicas ou estranhas", ela disse nos dias que antecederam a primeira videoconferência de cientistas. "Por muito tempo, creio que achamos que o mapa era responsabilidade de outra pessoa."
O pedido de mapeamento do genoma do Aedes aegypti recebeu pouca atenção, talvez porque o mapa em si não produziria uma solução para o vírus da zika, assim como o mapa do genoma humano não produziu uma cura para o câncer. Mas poderia levar a possibilidades biológicas, cujas consequências ecológicas são consideradas sérias demais para se correr o risco.
Mas a história de como o Grupo de Trabalho do Genoma do Aedes surgiu oferece um vislumbre da forma, com frequência improvisada, como a ciência avança, movida por interesses próprios, nova tecnologia e necessidades sociais urgentes. As buscas por seus membros refletem a variedade de esperanças por uma nova forma de combate genético que possa ser empregada, à medida que o fantasma de doenças transmitidas por insetos cresce, assim como nossa habilidade de analisar em detalhe o DNA deles.
E a necessidade de controlar o mosquito Aedes, que também transmite a febre amarela e outros vírus, provavelmente não terminará com o surto atual. Apesar da introdução de uma vacina contra a febre amarela que salvou milhões de vidas, por exemplo, o vírus ainda mata 30 mil pessoas por ano.
Se vamos controlar a criatura, precisamos conhecê-la de frente para trás e de trás para frente. Dispor da sequência completa do genoma da besta nos dará uma compreensão fundamental de sua biologia, algo que seria impossível de outra forma."
A busca envolve cientistas de diversas disciplinas que raramente colaboram, com frequência competem por fundos e têm ideias diferentes sobre como manipular geneticamente o mosquito, o Aedes aegypti.
Alguns querem caçar genes que, se alterados em mosquitos soltos na natureza, poderiam levar a espécie à extinção. Outros estão tentando identificar genes que controlam a forma como os mosquitos sentem suas presas humanas visando conceber repelentes melhores. Outros são a favor da ideia de criar seletivamente populações de mosquitos, assim como é feito com gado ou milho, em busca de características desejáveis (ou, pelo menos, menos indesejáveis) como uma preferência por picar animais, em vez de seres humanos.
O projeto decolou após uma série de postagens frustradas no Twitter por Leslie B. Vosshall, uma pesquisadora de mosquitos da Universidade Rockefeller. Vosshall fez um apelo por conselho para a construção de um mapa detalhado do DNA do mosquito em janeiro, quando o Brasil começou a relatar uma alta, aparentemente relacionada ao vírus da zika, de recém-nascidos com microcefalia.
"Fiquei preocupada de que as pessoas ficariam na defensiva, paranoicas ou estranhas", ela disse nos dias que antecederam a primeira videoconferência de cientistas. "Por muito tempo, creio que achamos que o mapa era responsabilidade de outra pessoa."
O pedido de mapeamento do genoma do Aedes aegypti recebeu pouca atenção, talvez porque o mapa em si não produziria uma solução para o vírus da zika, assim como o mapa do genoma humano não produziu uma cura para o câncer. Mas poderia levar a possibilidades biológicas, cujas consequências ecológicas são consideradas sérias demais para se correr o risco.
Mas a história de como o Grupo de Trabalho do Genoma do Aedes surgiu oferece um vislumbre da forma, com frequência improvisada, como a ciência avança, movida por interesses próprios, nova tecnologia e necessidades sociais urgentes. As buscas por seus membros refletem a variedade de esperanças por uma nova forma de combate genético que possa ser empregada, à medida que o fantasma de doenças transmitidas por insetos cresce, assim como nossa habilidade de analisar em detalhe o DNA deles.
E a necessidade de controlar o mosquito Aedes, que também transmite a febre amarela e outros vírus, provavelmente não terminará com o surto atual. Apesar da introdução de uma vacina contra a febre amarela que salvou milhões de vidas, por exemplo, o vírus ainda mata 30 mil pessoas por ano.
Se vamos controlar a criatura, precisamos conhecê-la de frente para trás e de trás para frente. Dispor da sequência completa do genoma da besta nos dará uma compreensão fundamental de sua biologia, algo que seria impossível de outra forma."
Jeffrey Powell, pesquisador da Universidade de Yale
O mapeamento do genoma, que cativou a imaginação popular pela primeira vez em 2000, com a divulgação do esboço de sequência do DNA humano, se transformou em uma ferramenta fundamental da biologia molecular moderna, usado para ajudar a estudar como as coisas vivas evoluem, se desenvolvem, adoecem e se comportam. Uma espécie de mapa do genoma do Aedes existe desde 2007, mas os pesquisadores dizem que ele é incrivelmente imperfeito: fragmentado em 36.204 partes, algumas montadas de forma errada, com centenas de genes conhecidos faltando e outros duplicados erroneamente.
http://noticias.uol.com.br/
0 comentários:
Postar um comentário