Copa do Nordeste: a festa dos esquecidos



Foto: Christian Alekson / cearasc.comO maior público do ano no Brasil. A Arena castelão recebeu 64 mil pessoas para a decisão da Copa do Nordeste, um jogo que, de casa, pouca gente viu. Mas os direitos de transmissão serão incapazes de justificar a falta. Quando o país inteiro não tem a chance de ver, em rede aberta, um jogo épico como esse Ceará e Bahia, os culpados estão fora de campo. Dentro dele, o universo tremia. Como tremeu o entorno do estádio, com um foguetório da torcida do Ceará que anunciava a chegada de uma delegação de Papas.




O Vovô venceu o Bahia por 2 a 1 – já havia vencido o jogo de ida por 1 a 0 – e conquistou a Lampions League, como o carioca Arthur Chrispin magistralmente batizou a competição há dois anos. Uma campanha sem revés – sete vitórias e cinco empates. O primeiro representante do estado a levar pra casa a taça.
Não faltaram elementos pitorescos na noite de ontem, mas talvez nenhum deles seja maior que Magno Alves, simplesmente um dos maiores goleadores do mundo na atualidade. Sim, isso mesmo. Liderava a lista até outro dia, com 427 gols. Dizem que Cristiano Ronaldo e Messi retomaram a dianteira. Não acredite. Pergunte ao torcedor do Ceará quem é maior e ele te mostrará a miniatura do jogador no altar disposto no meio da sala.
A noite de ontem foi mais uma prova irrefutável de que existe uma diferença enorme entre o futebol dos grandes centros, das cotas de TV, dos patrocinadores máster, da briga eterna das federações, e o futebol respirado no Nordeste, em que a paixão do torcedor é o antídoto contra o cruel esquecimento. Ceará e Bahia transformaram duas noites de decisão em uma eternidade que ocupará, com sorte, um rodapé de página dos jornais de outros cantos.
O poderio econômico é quem distribui os coletes no coletivo do futebol brasileiro. Mas a multidão que tradicionalmente lota estádios, independente da divisão em que o clube se encontra, grita de forma ininterrupta. Como o caçula que recebe menos préstimos de pais muito ocupados, os torcedores do Nordeste já desistiram de pedir atenção. Na verdade, parecem mais não se importar. Eles não dependem mais de ninguém para celebrar. Eles são a festa. O resto finge que não recebeu o convite.
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